GRINDHOUSE
"Planet Terror" (Robert Rodriguez) e "Death Proof" (Quentin Tarantino)
Este é o primeiro filme pirata que eu resenho. Não que eu ache legal (ou que seja legal, legalmente falando). Na real, eu não curto muito a pirataria fílmica, principalmente aquela porcalhenta captada diretamente das salas de cinema. Mas, no caso em questão, a razão da piratagem é/foi simples: se eu fosse esperar o lançamento nos cinemas, ou talvez direto em DVD, teria que sentar. E esperar. Sentado. E muito, pelo jeito da coisa. E talvez ainda tivesse que pagar dois ingressos para ver um único filme com dois episódios - que deveriam ser médias-metragens, mas o fato é que os diretores se empolgaram e editaram além do bom-senso (porque ambos os filmes ficariam bem melhor com uma meia horinha a menos). Mas o que realmente me surpreendeu, ao assistir a estes médias alongados, foi o descarado fato (que não é fato, por ser só o que eu acho) de que o Rodriguez se saiu melhor do que o Tarantino. "Planet Terror" é bem a cara do Rodriguez, com diálogos toscões, efeitos podrões, muita pose e clichês remendados e reutilizados à exaustão. Mas dentro da proposta do filme, tudo funciona direitinho, inclusive a parte do rolo faltante, que realmente pula a história, ao contrário do filme do Tarantino, onde nem damos por falta do rolo faltante. Aliás, o Taranta até que tentou voltar aos seus diálogos pop-legais, mas não funcionou legal e só deixou o filme chato e arrastado. Além disso, ele não soube criar a mínima tensão, talvez pelo fato de criar um vilão de carne-e-osso - e meio fraco, convenhamos. Se optasse por um carro sem motorista visível, no estilo do caminhão de "Encurralado" ou daquela tosqueira setentista (período "homenageado" pelos diretores) conhecida como "O Carro Do Diabo", acho que tudo funcionaria melhor. De resto, de tudo, o melhor mesmo são os ótimos trailers falsos, com destaque para o genial "Thanksgiving", o divertido "Don't" e a presença marcante e hilária de Nicolas Cage em "Werewolf Women Of The S.S.".
sexta-feira, agosto 31, 2007
terça-feira, agosto 28, 2007
"Ritmo Alucinante" (Marcelo França)
Rock brasileiro não tem memória, quanto mais história. Parece pular da Jovem Guarda sessentista pra a tal "explosão" oitentista, esquecendo de propósito dos progressivos e experimentalóides anos setenta. Por mais que eu também ache um saco algumas viajadas acidosas e solísticas de tais tempos, é bom poder ver os barulhos de então para situar as coisas e pinçar algo de bom. Por isso mesmo é que eu achei tão interessante achar este "Ritmo Alucinante" em meio a tantos dublevês triplos (clique no link para assistir na íntegra). O filme de 75 apresenta alguns bons momentos de um primordial Hollywood Rock totalmente brazuca. Mesmo com a grande influência dos sons viajandões, seja no jazzismo funkado xarope do Vímana (ainda sem Lobão ou Ritchie, eu acho) ou nas esticadas psicodélicas do Tutti-Frutti, podemos ver (e ouvir) coisas legais. Ou no mínimo curiosas. Tipo a falta de traquejo, molejo ou mesmo presença de palco de quase tudamunda. Gentes que, tecnicamente, já tinham uma bela estrada, como Celly Campelo e Erasmo Carlos, aparecem bem perdidões no palco. O Lulu Santos (na sua fase Vímana) é ainda pior, e se arrisca num passos esquisitos do tipo "eu-tô-cagado". Um pouco melhor se sai "O Peso", que mesmo com a sonoridade um tanto quanto datada de blues-rockão-basicão, mostra alguma presença de palco. A Rita até que manda bem, principalmente na segunda canção, onde esbanja animação com seu estilão glam de ser nos setenta, meio que flertando com a androginia Ziggy do Bowie. Mas o cara que é "o" cara só poderia ser um cara: Raul Seixas. O maluco entra chapado, bêbado e sabe-se lá mais o quê, e ainda assim domina o palco foderozamente como rockstar que era, com direito a silhueta nas sombras, poses a la Gita com sua gitarrita, a Lei no papel enroladão imitando pergaminhão, comentários irônicos no meio das canções (sobra até pro patrocinador), embromation geral quando esquece a ordem das estrofes, enrolation total quando o fio da guitarra decide pegar no seu pé e, o principal, rock and roll genial na melhor acepção da palavra.
Rock brasileiro não tem memória, quanto mais história. Parece pular da Jovem Guarda sessentista pra a tal "explosão" oitentista, esquecendo de propósito dos progressivos e experimentalóides anos setenta. Por mais que eu também ache um saco algumas viajadas acidosas e solísticas de tais tempos, é bom poder ver os barulhos de então para situar as coisas e pinçar algo de bom. Por isso mesmo é que eu achei tão interessante achar este "Ritmo Alucinante" em meio a tantos dublevês triplos (clique no link para assistir na íntegra). O filme de 75 apresenta alguns bons momentos de um primordial Hollywood Rock totalmente brazuca. Mesmo com a grande influência dos sons viajandões, seja no jazzismo funkado xarope do Vímana (ainda sem Lobão ou Ritchie, eu acho) ou nas esticadas psicodélicas do Tutti-Frutti, podemos ver (e ouvir) coisas legais. Ou no mínimo curiosas. Tipo a falta de traquejo, molejo ou mesmo presença de palco de quase tudamunda. Gentes que, tecnicamente, já tinham uma bela estrada, como Celly Campelo e Erasmo Carlos, aparecem bem perdidões no palco. O Lulu Santos (na sua fase Vímana) é ainda pior, e se arrisca num passos esquisitos do tipo "eu-tô-cagado". Um pouco melhor se sai "O Peso", que mesmo com a sonoridade um tanto quanto datada de blues-rockão-basicão, mostra alguma presença de palco. A Rita até que manda bem, principalmente na segunda canção, onde esbanja animação com seu estilão glam de ser nos setenta, meio que flertando com a androginia Ziggy do Bowie. Mas o cara que é "o" cara só poderia ser um cara: Raul Seixas. O maluco entra chapado, bêbado e sabe-se lá mais o quê, e ainda assim domina o palco foderozamente como rockstar que era, com direito a silhueta nas sombras, poses a la Gita com sua gitarrita, a Lei no papel enroladão imitando pergaminhão, comentários irônicos no meio das canções (sobra até pro patrocinador), embromation geral quando esquece a ordem das estrofes, enrolation total quando o fio da guitarra decide pegar no seu pé e, o principal, rock and roll genial na melhor acepção da palavra.
Assinar:
Postagens (Atom)