"Ritmo Alucinante" (Marcelo França)
Rock brasileiro não tem memória, quanto mais história. Parece pular da Jovem Guarda sessentista pra a tal "explosão" oitentista, esquecendo de propósito dos progressivos e experimentalóides anos setenta. Por mais que eu também ache um saco algumas viajadas acidosas e solísticas de tais tempos, é bom poder ver os barulhos de então para situar as coisas e pinçar algo de bom. Por isso mesmo é que eu achei tão interessante achar este "Ritmo Alucinante" em meio a tantos dublevês triplos (clique neste link para assistir na íntegra). O filme de 75 apresenta alguns bons momentos de um primordial Hollywood Rock totalmente brazuca. Mesmo com a grande influência dos sons viajandões, seja no jazzismo funkado xarope do Vímana (ainda sem Lobão ou Ritchie, eu acho) ou nas esticadas psicodélicas do Tutti-Frutti, podemos ver (e ouvir) coisas legais. Ou no mínimo curiosas. Tipo a falta de traquejo, molejo ou mesmo presença de palco de quase tudamunda. Gentes que, tecnicamente, já tinham uma bela estrada, como Celly Campelo e Erasmo Carlos, aparecem bem perdidões no palco. O Lulu Santos (na sua fase Vímana) é ainda pior, e se arrisca num passos esquisitos do tipo "eu-tô-cagado". Um pouco melhor se sai "O Peso", que mesmo com a sonoridade um tanto quanto datada de blues-rockão-basicão, mostra alguma presença de palco. A Rita até que manda bem, principalmente na segunda canção, onde esbanja animação com seu estilão glam de ser nos setenta, meio que flertando com a androginia Ziggy do Bowie. Mas o cara que é "o" cara só poderia ser um cara: Raul Seixas. O maluco entra chapado, bêbado e sabe-se lá mais o quê, e ainda assim domina o palco foderozamente como rockstar que era, com direito a silhueta nas sombras, poses a la Gita com sua gitarrita, a Lei no papel enroladão imitando pergaminhão, comentários irônicos no meio das canções (sobra até pro patrocinador), embromation geral quando esquece a ordem das estrofes, enrolation total quando o fio da guitarra decide pegar no seu pé e, o principal, rock and roll genial na melhor acepção da palavra.
(Obs: a fota, além do nome igual, não tem mais nada a ver com o filme)
sexta-feira, março 06, 2009
quinta-feira, março 05, 2009
“Coraline e o Mundo Secreto” (Henry Selick)
Medo é um treco infantil por natureza, pelo simples fato de que é complicado justificá-lo, na maior parte do tempo. Por isso mesmo, nada mais natural que existam (ainda que de forma rara) filmes infantis capazes de apresentar este medo irracional para as crianças de hoje, assim como nós pudemos conviver, quando rebentos, com o medo da bruxa de “Branca De Neve”, com a surrealidade de “Os 5.000 Dedos Do Dr. T” ou com o diabólico “O Bebê De Rosemary”, embora eu ainda ache que este último filme, muito provavelmente, não devesse ter feito parte da minha infância.
“Coraline E O Mundo Secreto” é assim: de meter medo. Aquele medo do desconhecido, do inusitado, do mundo perfeito que todos nós sabemos que pode ser tudo, menos perfeito.
Melhor ainda é que todo o medo contido neste filme se traduz no clima, no ritmo, na capacidade de apresentar sutilezas discrepantes, e crescentes, que demonstram o “algo errado” que existe no tal mundo secreto. E nada de sustos óbvios. Ou clichês básicos de ação ou tensão.
Culpa de Neil Gaiman, em parte, penso eu. Afinal, este cara consegue meter medo de forma simples em enredos nem tanto. E consegue criar mundos particulares com inúmeras particularidades neilgaimanianas, mesmo quando escreve, teoricamente, para crianças.
Culpa também de Henry Selick. Ele é capaz de fazer mundos (e medos) impensáveis existirem na realidade do stop-motion, e com uma precisão e um nível de detalhe também impensáveis. E consegue pensar e filmar em 3 dimensões de forma coerente e bela, quase nos colocando dentro de cenários perfeitos, climáticos, surreais e belos.
É, usei “bela” e “belos” numa mesma frase, e não foi por acaso. Assim como não foi por acaso que “medos” estava no mesmo parágrafo. É que, não por acaso, este filme consegue a proeza incrível de tornar belo o medo, e medo o belo.
Medo é um treco infantil por natureza, pelo simples fato de que é complicado justificá-lo, na maior parte do tempo. Por isso mesmo, nada mais natural que existam (ainda que de forma rara) filmes infantis capazes de apresentar este medo irracional para as crianças de hoje, assim como nós pudemos conviver, quando rebentos, com o medo da bruxa de “Branca De Neve”, com a surrealidade de “Os 5.000 Dedos Do Dr. T” ou com o diabólico “O Bebê De Rosemary”, embora eu ainda ache que este último filme, muito provavelmente, não devesse ter feito parte da minha infância.
“Coraline E O Mundo Secreto” é assim: de meter medo. Aquele medo do desconhecido, do inusitado, do mundo perfeito que todos nós sabemos que pode ser tudo, menos perfeito.
Melhor ainda é que todo o medo contido neste filme se traduz no clima, no ritmo, na capacidade de apresentar sutilezas discrepantes, e crescentes, que demonstram o “algo errado” que existe no tal mundo secreto. E nada de sustos óbvios. Ou clichês básicos de ação ou tensão.
Culpa de Neil Gaiman, em parte, penso eu. Afinal, este cara consegue meter medo de forma simples em enredos nem tanto. E consegue criar mundos particulares com inúmeras particularidades neilgaimanianas, mesmo quando escreve, teoricamente, para crianças.
Culpa também de Henry Selick. Ele é capaz de fazer mundos (e medos) impensáveis existirem na realidade do stop-motion, e com uma precisão e um nível de detalhe também impensáveis. E consegue pensar e filmar em 3 dimensões de forma coerente e bela, quase nos colocando dentro de cenários perfeitos, climáticos, surreais e belos.
É, usei “bela” e “belos” numa mesma frase, e não foi por acaso. Assim como não foi por acaso que “medos” estava no mesmo parágrafo. É que, não por acaso, este filme consegue a proeza incrível de tornar belo o medo, e medo o belo.
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Não fui eu quem fiz
Ou fui, mas nem tanto. Só queria postar um treco ou dois, mas o blogger não deixava, dava pau e coisa e tal. Aí tentei mexer em alguma coisa nas configurações e a coisa toda se desconfigurou. Tive que escolher um novo template. E algumas coisas desapareceram e não consigo repor, por mais que tenha os códigos salvos. Mas a logomarca do Meditabundas não. Essa já não existia antes, sabe-se lá porque/por quê/porquê/por que. Mas pelo menos agora temos enquetes e arquivo. Não que alguém as responda ou vasculhe o passado. Mas se alguma alma meditabunda manjar de programation e quiser fazer uma restauration, fique a vontade. Até parece...
Ou fui, mas nem tanto. Só queria postar um treco ou dois, mas o blogger não deixava, dava pau e coisa e tal. Aí tentei mexer em alguma coisa nas configurações e a coisa toda se desconfigurou. Tive que escolher um novo template. E algumas coisas desapareceram e não consigo repor, por mais que tenha os códigos salvos. Mas a logomarca do Meditabundas não. Essa já não existia antes, sabe-se lá porque/por quê/porquê/por que. Mas pelo menos agora temos enquetes e arquivo. Não que alguém as responda ou vasculhe o passado. Mas se alguma alma meditabunda manjar de programation e quiser fazer uma restauration, fique a vontade. Até parece...
quarta-feira, março 04, 2009
Boneca Cocôzinho
“Ah, o quê não inventam hoje em dia!”. Eu, que adoro lojas de brinquedo, vez por outra me deparo com comentários assim de pessoas não tão “brincalhonas” e que, às vezes, caem de pára-quedas nestas lojas, surpresas com as novidades.
Mas desta vez até eu me surpreendi. Agora já existe uma boneca que simplesmente larga um barro (veja o comercial). Ou seja, não satisfeita com um xixi básico, ela caga mesmo. E o trôço fica ali, à vista, no vaso de brinquedo. Se tem cheiro também eu nem sei. Mas que é eca, é.
Meu filho chama a medonha de Boneca Diarréia, já que, ao final do comercial, ela já está precisando evacuar novamente. Deve ter comido muito milho verde...
“Ah, o quê não inventam hoje em dia!”. Eu, que adoro lojas de brinquedo, vez por outra me deparo com comentários assim de pessoas não tão “brincalhonas” e que, às vezes, caem de pára-quedas nestas lojas, surpresas com as novidades.
Mas desta vez até eu me surpreendi. Agora já existe uma boneca que simplesmente larga um barro (veja o comercial). Ou seja, não satisfeita com um xixi básico, ela caga mesmo. E o trôço fica ali, à vista, no vaso de brinquedo. Se tem cheiro também eu nem sei. Mas que é eca, é.
Meu filho chama a medonha de Boneca Diarréia, já que, ao final do comercial, ela já está precisando evacuar novamente. Deve ter comido muito milho verde...
“Quem Quer Ser Um Milionário” (Danny Boyle)
Foi só na segunda vez que eu aprendi a gostar deste filme – uma segunda vez ainda antes dele se tornar o grande ganhador do Oscar® 2009. Isso porque foi só na segunda vez que eu pude captar o sentido da coisa. “Quem Quer Ser Um Milionário” é realmente (e só) o que parece: um filme simples, simpático, otimista e descompromissado. Nada de muito profundo, nada de muito obtuso, nada de muito, afinal. Só um enredo bacaninha, um suspense básico, uma direção decente e pronto, está pronto o conto de fadas do século 21. Agora que eu saquei o ardil, posso dizer que até gostei do filme. Mas confesso que gostei bem mais do épico-intimista-emocionante-ainda-que-anti-emotivo conhecido como “O Curioso Caso De Benjamin Button”.
Foi só na segunda vez que eu aprendi a gostar deste filme – uma segunda vez ainda antes dele se tornar o grande ganhador do Oscar® 2009. Isso porque foi só na segunda vez que eu pude captar o sentido da coisa. “Quem Quer Ser Um Milionário” é realmente (e só) o que parece: um filme simples, simpático, otimista e descompromissado. Nada de muito profundo, nada de muito obtuso, nada de muito, afinal. Só um enredo bacaninha, um suspense básico, uma direção decente e pronto, está pronto o conto de fadas do século 21. Agora que eu saquei o ardil, posso dizer que até gostei do filme. Mas confesso que gostei bem mais do épico-intimista-emocionante-ainda-que-anti-emotivo conhecido como “O Curioso Caso De Benjamin Button”.
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