sexta-feira, setembro 29, 2006

Vote Brazil



Definitivamente, eu não consigo botar fé em candidato cujo adesivo eu vejo colado em carro importado. Diz, o problema são eles ou sou eu?

No mais, eis a minha dica para votar no domingo.

E boa eleição. ; )

quinta-feira, setembro 28, 2006

Cachorrada



Cachorro de apê me dá dó. Animal de corpo inteiro, mas alma capada. Para mim, bicho atrofiado. Não mais cão de guarda, caça, pesca, nada. Só bibelô, brinquedo à energia solar. Coisa de gente. Gente, ser humano me dá nojo, sabe? Não evolui nunca e ainda fode todas as outras espécies do lugar. Sempre. Tomara que só as baratas mesmo resistam ao hecatombe. Debaixo da terra, no meio da merda, eu vou gostar.
Lapso



Olhe, veje só: eu estávamos pensando que precisei contar uma história de pequena muita, mas eu se lembro que talvez não seremos fácils de lembrança esta. O fato é que nós pensava, pensava e já iu da cabeça, mas a gente coça e ainda quero se lembrar-me eu mesmo. Que é, então? Então. Eu era junto e de repentemente se viu só de tanto que falou de grátis e sem custódia nenhuns. É o preço que a gente pagarei por fechar-me a visão. Ah, a visão, que coiso sem igual, não será? É umas penas que a lágrima salga, das vezes, somente das vezes, o que era doce e se acabou-se.
E digarei mais. Basta um tempo ligeiro para que agora estamos eu aqui com este meu amigo ninguém que me bastará ontem, não que eu queira se gavar. É pura e simples mente insana que girava e rodopiava sem nunca saberei de nada além de tudo. Me falta faz a razão que me falta, mas eu ser só a metade emoção boba que não consigo andar reto, por isso eu se perdo. É, sim. É assim.
Fim.

terça-feira, setembro 26, 2006

Avalanche



Eu me vejo lá de cima, fora do corpo, e sou só um pontinho na neve. Um bip fraco me traz de volta. O relógio congela por baixo da manga de Gore-Tex, avisando que certas coisas têm data e hora inexatas. A falta de ar dá enjoo, seguro o vômito, levanto o queixo, respiro, aperto os olhos tentando lembrar de alguma coisa, qualquer coisa, do gosto de sangue, do primeiro grito de gol, daquela menina no ônibus. Nada. Com o jogo já perdido, puxo uma gavetinha do fundo da consciência e dali sai a visão do impacto. A avalanche vai me pegar de frente, distraído, olhando o sol. Só dá tempo de girar os olhos sessenta graus à esquerda.
Câmera lenta.
Silêncio.
A parede gigante vem crescendo, sussurrando consigo mesma, tranqüila e impassível como Bruce Lee. Um batuque de candomblé martela nos ouvidos, desliza pelo canal auditivo e tamborila no coração, que bate com violência, mas sem ritmo. Eu quero sentir medo, só que o medo não vem, acho até que ensaio um suspiro, como os suicidas durante o salto ou os elefantes quando pressentem o tiro.
De repente, o mundo fica branco. Depois vermelho. Depois verde. O corpo não se desloca, mas a terra sai do eixo. Então as lembranças explodem: cheiro de pão caseiro, Merthiolate na ferida, bicicleta com vento no rosto, apito de panela de pressão, tapa na mão, soluço engasgado, saudade, muita saudade, saudade doída, daquelas quando a gente é criança demais e não sabe o motivo, só sente.
Foi num piscar de olhos, tempo suficiente para uma seqüência de tapas na cara. Bem feito para mim, tomara que ninguém me encontre, nunca mais, nem as melhores equipes de resgate da Sessão da Tarde. Virei picolé azedo, piada sem graça.
Morri de tristeza, ali, no branco dos teus olhos.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Será?



Será que as pessoas acham que as mensagens pps que elas repassam com lições de vida do Bill Gates, do Lincoln ou do Freddie Mercury vão mudar as suas vidas medíocres - ou a minha?
Será que as pessoas pensam que o que outros pensaram é o suficiente para eximi-las de pensar?
Será que as pessoas realmente se emocionam com fotos de flores e de sorrisos de criança tão mal e porcamente concatenados e ainda por cima embalados por uma musiquinha irritante, quando deveriam estar se emocionando com flores de verdade ou com os sorrisos sinceros de seus filhos, netos, irmãos, cônjuges ou outros entes queridos?
Será que as pessoas pensam que eu, que professo a minha fé de maneira absurdamente particular, vou me incomodar com o castigo divino de não repassar um e-mail qualquer que me fale de Deus, Buda, Jesus ou Plutão - que mesmo entrando para a segunda divisão do nosso Sistema Solar ainda é deus olímpico pra algum romano do tempo do epa?
Será que as pessoas acham que o meu voto vai mudar só porque alguém escreveu que o candidato X é tudo aquilo que eu já sei e que a Globo é do mal e que está provado que o candidato Y está na frente e que as pesquisas mentem e que você não sabe o que eu estou passando, quando o meu voto, ainda que inútil, é secreto e eu mesmo o fabrico com um pouco de discernimento e mais um tanto de informações não-confiáveis de meios um pouco mais confiáveis do que estes e-mails escritos por quem não sabe escrever?
Será que as pessoas pensam que eu estou assim tão preocupado com o meu orkut pra acreditar que a Folha e o Estadão noticiaram que se eu não repassar esse e-mail pra vinte e três pessoas e meia vou ser deletado da vida no nada e ainda por cima ficarei sem saber quem entra ou sai do meu perfil mesmo que este alguém esteja invisível ou algo estapafúrdio assim?
Será que as pessoas não poderiam simplesmente repassar e-mails de mulher pelada e pronto?