sexta-feira, dezembro 02, 2005

Pearl Jam - Pedreira Paulo Leminski - 30/11/05 (Por Nery)



Sabe quem faz um puta show? Você. E um show bem mequetrefe? Você também.

Na real pouco importa se os músicos lá no palco se quebram pra tocar bem ou se erram mais do que eu jogando bilboquê, porque é você quem faz o show ser bom. Ou ruim. É claro que volume, limpidez e equalização contam pacas. Mas mesmo assim é você, e a sua percepção de tudo isso, que fazem a diferença. É você, às vezes com a colaboração do acaso, quem escolhe as companhias. É você quem conhece ou desconhece as músicas. É você quem está no pique de agitar ou na vontade de só tomar todas e quem sabe curtir o som, se o vômito não chegar antes.

Dito tudo isso, não sei dizer o quanto gostei do Pearl Jam. É público e notório que não gosto muito do Pearl Jam. Tampouco entendo o grau de adoração/devoção que cerca a banda. Mas poxa, é rock and roll. E poderia muito bem ser um baita show. E foi.

Foi porque foi um evento agitado e barulhento. Mesmo sem aquecimento a contento, teve uma ida divertida e uma parada surreal no estacionamento secreto do woiski. E veja só: ao descermos do carro, estávamos na boca da alegria, distantes apenas dois ou três quilômetros da Pedreira.

Foi também, e inclusive, porque foi na Pedreira - local capaz de evocar os espíritos inquietos de todos aqueles outros grandes shows. Quando entramos o Mudhoney já estava no palco. Som pesado pra caralho, não fosse o volume incompreensivelmente baixo. Pelo menos pude ouvir "Touch Me I'm Sick".

Avançando multidão adentro, chegamos num local legal pro início do show principal. Mas logo vimos que seria preciso chegar ainda mais perto pra poder ouvir a banda direito - o som estava realmente baixo. Pelo menos não estava embolado. Embolada só a voz do Eddie Vedder, ainda mais tentando falar longas frases em português. Em seguida, seguiram-se algumas músicas que eu desconhecia, entremeadas por hits que todo mundo cantava junto. Até arrisquei um ou outro refrão.

O melhor, pro leigão aqui, ficou pro bis. A cover de "I Believe In Miracles", dos Ramones, evocou o clássico show dos caras na mesma Pedreira. Aliás, vendo a galera toda, e eu mesmo, pulando, deu até pra filosofar um pouco: é impressionante a capacidade pulante que a música dos Ramones tem. Qualquer show deles era clássico emendado em clássico. E todos sacolejantes. Nem os Stones tem isso nesse grau de "Hey Ho!".

Outra cover demolidora foi "Kick Out The Jam", com a participação do Mudhoney Mark Arm, que aliás veio ao Brasil no meio do ano justamente como vocal do MC5.

Mas pra não dizer que não falei dos poréns, vamos a eles. Primeiramente, o som baixo, que não condiz com show de rock. Depois, a ausência de telões - o que, para um show deste porte, é imperdoável. Não adianta o Pearl Jam dizer que não é adepto de firulas visuais. Para um público de mais de 20 mil pessoas, um telão deveria ser item de fábrica. Porque se for só pra ouvir a música sem ver nadica de nada, melhor botar o CDzão no 3 em 1. E quem ficou lá pra trás, da mesa de som e luz até o morrinho de chegada (e tinha gente se acotovelando por tudo), o resultado foi um som de radinho de pilha e um brilho de luzes no horizonte. Por fim, a suspensão da venda de cerveja às nove e meia. Que que é isso? Show de banda amish?

Mas enfim, qual o sentido deste post? Afinal, eu gostei ou não do show? Não sei. Só sei que foi uma noitada excelente. E isso é mais do que suficiente.

+

Pearl Jam - Pedreira Paulo Leminski - 30/11/05 (Por Nego Lee)



Introduzindo: eu nunca conheci muito do Pearl Jam. Nada contra. Só aconteceu. O único disco que tenho é o "Ten" - e ainda nem é meu. Assim sendo, desta feita, fui ao show dominando mais os assuntos de sexo e drogas do que esse tal de rock'n'roll. E mesmo assim saí chapado com o que vi e ouvi.

São tantas emoções. Vamos a elas:

Emoção de ver o meu amigo Pedro Franco - woiski, para os íntimos, ui! - excitado faz mais de mês com a vinda da banda da vida dele ao Brasil pela primeira vez. Inclusive, não perca na semana que vem, neste mesmo blog, o exclusivo relato do cara sobre o show dos gringos no Rio. Sim, ele vai.

Emoção de saber que o tal show provocou a ressurreição dos mortos-vivos e tirou de casa dezenas e dezenas de amigos e colegas que faz muito tempo já tinham se entregando à idade e à chatice (e que, graças a Eddie Vedder & cia., enfiaram com gosto o pé na jaca e na lama nesta noite inesquecível).

Emoção de poder estar novamente na Pedreira Paulo Leminski lotada, condição que faz dela o lugar mais lindo para se assistir a um show no Brasil. Tudo bem que eu não conheço muitos outros, mas foda-se. Um local que proporcionou Ramones, AC/DC e Pixies para a gente merece todos os elogios.

Emoção de cantar junto - ok, ok, embromar junto, eu confesso - "Last Kiss", "I Believe In Miracles" e "Kick Out The Jams" com um dos maiores vocalistas vivos da atualidade. E olha que eu só falei das covers, pois a apresentação também teve "Black" e outras obras-primas. Pena que não rolou "Baba O'Riley".

Emoção de descobrir que o moleque da cadeira de rodas que esteve no palco para a última canção é amigo do meu chapa Marco "Íris" Pupo e um puta fã do grupo em questã. Segundo o já citado meu chapa, o Leandro foi vocalista de uma banda dele e merecia a homenagem mais do que ninguém.

Emoção, enfim, de me sentir vivo. Alive!

E é/foi isso. Que em 2006 venham os FF - Franz Ferdinand e/ou Foo Fighters - e quem mais tiver que ser. : )

P.S.: Mais sobre Pearl Jam? No sempre bom e velho Lucio Ribeiro de hoje. E também nos sites de notícias da vida, que, para variar, escrevem cousas boas e grandes bobagens sobre tudo que acontece. Um exemplo de cousa boa? No UOL. Um exemplo de grande bobagem? No RPC. Só para variar. : P

Nenhum comentário: