terça-feira, janeiro 24, 2006

Surrupiei esta fábula dum blog portuga, shortdickman.blogspot.com
Ela cai muito bem nestes tempos vermelhos que agora se avizinha.

A CIGARRA E A FORMIGA NO MUNDO SOCIALISTA CONTEMPORÂNEO

A CIGARRRA E A FORMIGA
Esta é a versão clássica:

Era uma vez uma formiga que trabalhava duro, de sol a sol, construindo sua toca e acumulando suprimentos para o longo inverno que se aproximava. A cigarra pensou: "Que idiota!" E passou o verão dando gargalhadas, cantando e dançando. Assim passou todo o verão; ao chegar o inverno, enquanto a formiga estava aquecida e bem alimentada, a cigarra não tinha abrigo nem comida, morreu de fome.

Esta é a versão moderna:

Era uma vez uma formiga que trabalhava no duro, de sol a sol, construindo sua toca e acumulando suprimentos para o longo inverno que se aproximava. A cigarra pensou: "Que idiota!" E passou o verão dando gargalhadas, cantando e dançando como nunca. Ao chegar o inverno, a cigarra, tremendo de frio, armou uma barraca de lona na entrada da toca da formiga e convocou toda a imprensa para uma entrevista e exigiu explicações: Porque é permitido á formiga, uma toca aquecida e boa alimentação, enquanto as cigarras estão expostas ao frio e a morrer á fome?

Todos os órgãos de imprensa compareceram á entrevista; tiraram muitas fotos da cigarra trémula de frio e com sinais de desnutrição. As imagens dramáticas na televisão mostraram uma cigarra em deplorável condição, sentada num banquinho debaixo de uma barraca de plástico preto e mais adiante mostraram a formiga em sua toca confortável, com uma mesa farta e variada. O povo ficou perplexo e chocado com o contraste.

A notícia recebe apoio imediato, com a ressalva de que os recursos devem ser dirigidos ao programa Fome Zero do governo, e cogita uma Emenda Constitucional que aumente os impostos para as formigas e ainda obriga as comunidades a promover a integração social das cigarras. A formiga é multada por supostamente não entregar a sua quota de folhas verdes ao Ministério das Folhas e não tendo como pagar todos os impostos e contribuições que foram apurados retroactivamente, pede falência.

A Câmara instala uma comissão de inquérito para investigar a falência fraudulenta de inúmeras formigas abastadas. O Ministério das Folhas nomeia uma comissão de auditores fiscais suspeitando de que as formigas tenham desviado recursos do FF5 (Folhas Frescas nº 5 do Banco Central) e suspeitas de lavar folhas.

A cigarra decide invadir a toca da formiga e lá acampa. A formiga pede ajuda da polícia e esta informa que não dispõe de efectivo para atender ocorrências desta natureza e que também por orientação do Secretário de Segurança que deseja evitar confrontos com os "Sem Toca".

A formiga entra na justiça para obter a reintegração da toca, mas é negado, o juiz invocou um novo ramo do direito, "O Económico" e sentencia que a formiga não provou a produtividade da toca. O Ministério da Reforma Agrária desapropria a toca da formiga, por não cumprir a sua função social, e entrega-a á friorenta e desnutrida cigarra.

O Ministério da Justiça descobriu que a cigarra foi presa no passado, por promover algumas greves, assaltos e sequestros (aliás chamados de crimes políticos), e conseguiu a sua inclusão no grupo dos perseguidos políticos com direito á indeminização federal e pensão vitalícia. E o verão está de volta. As formigas trabalham e as cigarras cantam e dançam...

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