terça-feira, junho 26, 2007

Contos Curtos - II

O quarto estava escuro, muito escuro. Podia-se dizer que parecia noite caso noite já não fosse. Fato é que estava um breu. Uma escuridão acentuada, daquelas de meter medo até em morcego, bicho que geralmente não está nem aí para essas coisas. Foi nessa situação que Cindy acordou. Ela abriu os olhos e nada apareceu em sua retina, talvez por uma falha de comunicação entre o humor aquoso e os bastonetes, mas isso é outra história.
Incomodada (sim, como ficava a sua avó), pôs-se a fechá-los novamente, como se esta ação — agravada pelo pretume — demandasse uma estrutura verbal composta. Esperou alguns segundos e abriu-os mais uma vez. Nada viu. Tornou a fechá-los. Estava tudo preto, inclusive o cara que se encontrava em sua cama. Aliás, nem o cara ela conseguia encontrar.
Cansada dessa história, Cindy resolveu abrir seus olhos enfaticamente, assim, de supetão, na tentativa de ver o rabo da luz fugindo pela fresta da porta. Foi em vão. Como não viu nada, fechou os olhos e voltou a dormir. Vá entender essas mulheres.

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