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Ontem à tarde meu vô morreu. Assim, na minha frente, numa cama de hospital. Nunca achei que fosse presenciar algo assim. Vi seu último suspiro e não pude fazer nada. Ninguém pode. Por isso, queria escrever algo bonito para ele agora, uma poesia, uma homenagem, mas não consigo. Pensar tornou-se algo difícil. Queria agradecê-lo por tanta coisa, pelo canivete com cabo de madeira, pela primeira (e única) camisa de futebol, por me ensinar a derrubar caqui, pela serenidade e presença de espírito. Mas essas coisas a gente tem que fazer em vida. Agora é tarde. Adeus, vô Neves, até um dia.
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