quinta-feira, abril 02, 2009

Polemização Meditabúndica I



Não brinca com a comida, piá de merda!

O mundo anda ficando cada vez chato. Isso é um fato. O estilo de vida politicamente correto parece mais um espectro sinistro a nos envolver cada vez mais, nos algemando, calando bocas, enclausurando vidas e matando a graça de tudo. E tudo pra quê? Sabe que eu não sei.

Ok. Até acho que as baleias devem ser salvas, mesmo sem nunca ter visto uma. Os pandas também, pois são fofos. Até mesmo os jacarés de papo amarelo merecem uma chance – eu inclusive acho que o Barigui é o lugar deles. O meio ambiente, claro, se mostra tão fudido que a gente deve mesmo tentar agir diferente, ainda que eu pense que talvez já seja tarde demais. E tratar de informar, agir e bla-bla-blar é normal, compreensivo e legal. Mas tem ONG que exagera. E extrapola. E torra o saco.

Agora querem acabar com os brindes nos lanches das cadeias de fast-food. Ou acabaram. Ou estão acabando. É que essas pendengas jurídicas são meio cafusas mesmo. Culpa, ao que parece, desta ONG aqui. E lá vai o Ministério Público fazer o que não sabe fazer direito. E lá se vão as lembrancinhas legais, sob a égide de que são elas que fazem as crianças se empanturrarem de comidas mortais. Sei. Então tá. Então agora não veremos mais crianças no McDonald’s ou no Burger King. Afinal, os pais não gostam mesmo de ir lá, não é?

Não é. A diferença é que agora as crianças vão entupir suas veias com outros lanches, talvez maiores, já que “o lanchinho pequeno não tem mais brinquedo mesmo”. Penso que o próximo passo seja retirar os parquinhos destas lanchonetes. É isso que atrai as crianças, em última instância. E você sabe como esses brinquedos são perigosos. Além do que subir e descer de escorregadores coloridos não é lá um exercício muito legal. Melhor mesmo é que as crianças permaneçam sedentariamente sentadas até a chegada da gordurajeira.

Assinar uma medida assim é como assinar um atestado do tipo “os pais são todos uns antas”. Como se fossemos todos retardados mentais sem controle alguns sobre nossos pequenos ditadores. Pô, deixa que eu exerço o meu direito de dizer “não” ao meu filho. E se for pra dizer “sim”, que seja eu a dizê-lo, e que isso venha através da meritocracia, do sentimento de valor das coisas e coisas assim. Tá, pode até ser que muitos pais sejam antas demais. Mas então que tal uma campanha de esclarecimento, com argumentos e etc e tal? Afinal, tirar o brinquedo das mãos das crianças é sacanagem. Até porque, pra muitas crianças, esse é o verdadeiro brinquedo a que elas têm acesso. Porque é barato e é bem feito. Experimente encontrar um boneco licenciado da Disney, Warner ou Cartoon Network numa loja de brinquedos. Você vai morrer com cinquentão, no mínimo. Mas lá na lanchonete, a coisa toda sai por menos de quinzão. E pra muita criança ir a um fast-food é um evento diferente e divertido. Ah vá, deixa eles comerem umas gordurinhas de vez em quando. Vai dizer que você não comia das suas besteiras quando infante? Agora, se a criança é daquelas que não sai das lanchonetes, e tem todas as coleções e tudo mais, pô, para de mimar esse pentelho. Porque o erro, com certeza, não está só no que ele come. Por fim, tem muito marmanjo (e marmanja) que gosta de um brinquedinho. Só dessa coleção recente, do “Star Wars”, eu queria todos os itens. Mas não comprei, nem pra mim, nem pro meu piá. Temos três, num regime quase comunista de “o que é teu é meu também”. E pronto. Tá bom demais.

Mas calma que tem mais. Não satisfeitos com isso, o pessoal desta tal ONG quer também detonar os brinquedos dos ovos de Páscoa. É isso aí. Chocolate pode. Chocolate + brinquedo não. Por quê? Porque seria esta combinação que levaria os pimpolhos a comer tais doces. Sei... Na nossa época (ah, bons tempos aqueles) não existiam brinquedos nem ovos temáticos com dupla cobertura e o caralho a quatro (ah, nem tão bons tempos aqueles). E mesmo assim a gente se entupia de chocolate parafinado e caixa de bombom com aqueles famigerados recheados de passas, ameixa e frutas afins. A diferença está em saber dizer não à comilança. Não era hora de uma ONG surgir pra ensinar mais rigidez aos pais? Pronto! Senão, o jeito é esquecer o kinder ovo, a figurinha do chiclete, o palitinho plástico de picolé que encaixa no outro, o brinquedinho no sucrilhos, a bexiguinha no sorvete de maria-mole e por aí vai. E já que é assim, se são os adultos que não sabem regular os filhos, talvez seja porque eles também não sabem se autorregular. Então chega de brindes adultos, como xícara de Nescafé, vidros decorados de massa de tomate e colher de plástico junto com, sei lá, aqueles iogurtes que fazem a gente cagar.

E se você continuar navegando no site da Alana, vai encontrar outros absurdos diversos, geralmente contra comerciais de TV divulgando produtos infantis (comidas e brinquedos) e até mesmo uma reclamação contra o Mauricio de Sousa que, vejam só, aceita anúncios destes mesmos produtos direcionados para crianças em suas revistinhas. Absurdo. Tá, argumentar que a publicidade nos seus gibis é uma de suas fontes de renda não vale. Afinal ele já deve estar rico, não é mesmo?

Tem mais alguma coisa que te incomoda? Monta uma ONG e vai pentelhar a vida alheia. Quem sabe você consegue deixar este planeta sem graça ainda mais sem graça.

2 comentários:

Ricardo, é. disse...

São uns doentes. Como se nós, em nossas infâncias, não tivéssemos sido alvo de propagandas, de brinquedinhos, de docinhos e balinhas. O problema é que tem chato para tudo. Querem transformar o Brasil numa Suécia, o país mais chato do mundo, com o maior índice de suicídio do mundo. Querem ser o ESTADO, o BIG BROTHER, substituindo a figura dos pais na educação dos filhos. São doentes, frios, estúpidos, recalcados e provavelmente mal-amados disfarçados de bem-intencionados. Gente assim me revolta. Tem coisa mais importante para fazer no mundo do que ficar enchendo o saco com regrinhas e proibições anacrônicas e incoerentes.

Anônimo disse...

Ah lôco!