terça-feira, setembro 12, 2006

Caçado



Logo à frente a estrada descrevia um "Z" serifado, com curvas de 90 graus que só mesmo o carro do Automan para conseguir vencer a mais de 60 quilômetros por hora. Seguiu mais devagar, já que não possuía nenhum veículo repleto de néons azulados desenhados por um cursor de computador. Mas não tão devagar assim, pois sabia que estavam nos seus calcanhares, que mesmo não sendo os de Aquiles, revelavam-se frágeis, aliás como todo o resto de seu corpo. Ouviu um baque surdo no topo da serra, e riu da definição do som, pois se o baque era surdo, coitado, não conseguia nem ouvir a si mesmo. Outro baque, bem mais perto, e então a visão do inferno se descortinou à sua frente, com um carro em chamas passando a centímetros do seu para depois continuar rolando desfiladeiro abaixo. Provavelmente aceleraram demais na serifa do "Z". Devem ter explodido no primeiro baque, como todo bom carro de filme americano. Mas aquilo não era filme. E se houvesse final feliz, ainda estava longe. Outros carros se seguiriam aquele. Talvez até mesmo um helicóptero. A razão de tal assédio? Não sei ainda. Talvez num próximo post.

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