terça-feira, agosto 29, 2006

Bran



Bran não gostava do seu nome. Até aí tudo bem, que o nome era lá meio estranho mesmo. Mas Bran não gostava de nenhum nome. Senão já teria trocado, dizia. Até que um dia, no fim de mundo em que vivia, um jornal chegou-lhe às mãos, voando com o vento. Ventão, pra ser mais exato. E naquelas páginas, ele achou o nome de sua vida: Charlie Brown Jr. Ou menos, já que Charlie era meio viado demais e Jr. era meio abreviado demais. Ficou com Brown. E dali pra frente, era só por Brown que ele atenderia.

Qual não foi a surpresa de Brown quando algum entendido metido a metido lhe disse que Brown era marrom em língua de gringo. Marrom da cor do cocô, falou alguém lá no fundo do bar. Alguém que Brown, agora quase Bran de volta, não conseguiu identificar pra quebrar de porrada. E decidiu de pronto voltar a ser Bran, no que o entendido metido a metido concordou com afinco, permitindo-se ainda um pensamento bobinho: ainda bem que o jornal não falava do Pink Floyd.

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